Veículo: Portal R7
Data: 3 de julho de 2014 Estado: SP
Assunto: Trombose
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Atenção mulheres: uso de anticoncepcional aumenta risco de trombose

Doença cardiovascular é mais prevalente em idosos; especialistas alertam para fatores de risco

Vanessa Sulina, do R7

trombose

Incidência de trombose é maior após os 40 anos de idade
Thinkstock

Perna pesada, inchada, dolorida e com mancha pode ser sinal de TVP (trombose venosa profunda). Apesar de a doença cardiovascular ser mais prevalente em idosos, os médicos alertam que há vários fatores de risco que levam jovens e adultos a desenvolver trombose. Entre eles, pessoas que passam por cirurgias longas e mulheres fumantes que usam pílulas anticoncepcionais. Segundo Caio Cesar Focássio, membro da SBACV (Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular), a TVP é uma formação de um coágulo sanguíneo, chamado também de trombo, que obstrui a veia e impede a circulação de sangue no local. — A veia são todos os vasos que levam o sangue de volta para o coração. As veias profundas são as que ficam dentro da musculatura e são responsáveis pela maior parte das tromboses. A TVP pode afetar qualquer parte do corpo, porém, geralmente, ocorre nos membros inferiores. A SBACV (Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular) estima que a cada 100 mil pessoas 60 terão a doença em um ano. A incidência é maior após os 40 anos de idade. Entre 25 e 35 anos, a taxa fica em 30 casos para 100 mil. Já entre 70 a 79 anos, o índice chega entre 300 e 500 casos. Uma das hipóteses para a doença ser mais comum em idosos é a possível diminuição da resistência da parede venosa, que poderia propiciar dilatação da veia, e consequentemente diminuir a velocidade do fluxo sanguíneo, facilitando o desenvolvimento da trombose. Há diversos fatores que podem levar à doença, explica o angiologista e cirurgião vascular do Hospital São Luiz Eduardo Brigidio. — Cirurgias longas, passar muito tempo sentado, como dentro de um avião, ficar acamado por doença, a trombofilia (doença do sangue) e a gravidez são fatores que podem aumentar o risco para a trombose.

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Mulheres fumantes que utilizam anticoncepcional também “têm o risco aumentado em muitas vezes”, alerta o médico. — Não é que todo mundo que toma anticoncepcional vai ter trombose. Mas quem fuma e usa pílula tem mais chance que as outras pessoas, pois a nicotina e o hormônio associados modificam o sangue facilitando a formação de coágulo.

Trombose após fratura

Ana Cristina toma remédio para prevenir novos riscos de trombose Arquivo pessoal

Ana Cristina toma remédio para prevenir novos riscos de trombose
Arquivo pessoal

Foi logo após a gravidez que a engenheira química, Ana Cristina Campos, 37 anos, descobriu que tinha risco de desenvolver trombose. Ela teve infarto placentário (morte da placenta) e a causa poderia ter sido trombofilia (um dos fatores de risco mencionado pelos especialistas que predispõe à TVP). Os exames confirmaram a doença sanguínea. Pouco tempo depois, ela teve trombose. — A trombose mesmo tive e descobri após imobilizar o joelho (ela sofreu uma fratura na patela após uma queda no quintal de casa), pois a imobilização é uma situação que aumenta o risco, já que há mais dificuldade do sangue circular. Senti ardência na parte interna da coxa. Incomodava bastante para andar. Ficou até com umas marcas/manchas vermelhas.

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Além das dores, a trombose pode provocar embolia pulmonar, o que é “muito perigoso”, explica Brigidio. — A embolia se dá quando um trombo se desprende do local e para no pulmão. Então, ele [o trombo] interrompe artéria do pulmão e pode trazer complicações respiratórias e levar até mesmo levar a pessoa à morte. Por isso, é necessário tratamento assim que o problema for descoberto.

Tratamento e prevenção

Os médicos explicam que o tratamento para a doença são os remédios anticoagulantes, que têm como função “afinar” o sangue e evitar a formação de coágulos. Foi com um destes medicamentos que, depois do susto, Ana Cristina começou a tomar. — Como minha TVP foi alta, pois pegou até a parte superior da perna, o tratamento mínimo com anticoagulante é de seis meses, mas tomei por um ano. O vascular recomendou tomar o resto da vida, pois tenho trombofilia. O hematologista não acha necessário o resto da vida, mas no momento tomo AAS. O especialista do Hospital São Luiz explica que, geralmente, a pessoa toma remédio por cerca de 30 dias, mas o uso da meia elástica é necessária para o resto da vida, especialmente em situações especiais, como, por exemplo, ao andar de avião. No caso de Ana Cristina, ela terá que tomar o remédio “a vida toda”, assim como o uso da meia elástica. A engenheira também conta que segue outras recomendações médicas para prevenir o problema. — Vou seguir o para o resto da vida: movimentar a perna (a panturrilha é como uma bomba e é essencial o seu movimento na circulação do sangue da perna) e fazer exercícios físicos: os médicos me recomendaram hidroginástica, pois a pressão da água auxilia, manter o peso sob controle, já que o aumento de peso significa aumento do risco, tomar bastante líquido e não tomar nunca mais anticoncepcional.

Exame genético pode ajudar mulheres

Um dos fatores de risco para trombose, a trombofilia pode ser diagnosticada com simples exame genético. Hoje em dia, os convênios médicos são obrigados a ofertar o teste, explica o obstetra e geneticista diretor da clínica Clínica Ciro Martinhago Medicina Genômica, Dr. Ciro Martinhago. — Se a pessoa tem o gene portador da trombofilia, o risco de ter trombose aumenta de seis a oito vezes. Com o uso de anticoncepcional esse número pode subir para 30. O especialista afirma que, com o exame, a mulher portadora pode se prevenir em “três fases de sua vida”. — Se ela sabe o resultado, quando, ainda adolescente, procura o médico para tomar anticoncepcional, saberá do risco. Depois, quando resolve ser mãe [gravidez aumenta risco de trombose], o médico poderá prescrever um remédio para afinar o sangue e, assim, ela se previne. Por último, na plenitude da vida quando ela vai precisar do uso da reposição hormonal saberá que pode correr riscos. Não é porque tem o gene da trombofilia, que a mulher terá trombose, mas se é possível prevenir, melhor.