Veículo: Jornal O Tempo
Data: 02 de abtil de 2016
Estado: MG
Assunto: Teste do sêmen para detecção do Zika Vírus
Link: http://www.otempo.com.br/interessa/sa%C3%BAde-e-ci%C3%AAncia/teste-brasileiro-detecta-o-zika-v%C3%ADrus-no-s%C3%AAmen-de-pacientes-1.1272170
Teste do sêmen para detecção do Zika Vírus
RAQUEL SODRÉ ENVIADA ESPECIAL
São Paulo. Um novo teste já está sendo usado por especialistas brasileiros para detectar o zika vírus no sêmen de pacientes. A novidade, desenvolvida com tecnologia nacional, vem de encontro a uma nova resolução da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), publicada no final do mês passado, determinando que todas as pessoas que serão submetidas ao procedimento de doação de óvulos ou sêmen sejam testadas para o vírus. A decisão também vale para quem irá fazer uma fertilização in vitro.
“O exame PCR só detecta o vírus no sangue por até cinco dias depois da contaminação. Mas, no sêmen, o zika vírus permanece por até 60 dias e, com esse novo exame, conseguimos detectá-lo por todo o período. Esse teste é novidade com relação ao zika, mas já é obrigatório fazer, por exemplo, em indivíduos que têm hepatite e que também poderiam transmitir tal vírus por meio do sêmen”, explica o geneticista Ciro Martinhago, diretor da clínica Clínica Ciro Martinhago Medicina Genômica e um dos primeiros especialistas do país a aplicar o teste. Ele conta que trata-se de uma nova abordagem metodológica sobre um sistema de testagem que já era utilizado para outras doenças, como a já mencionada hepatite.
De posse do resultado, é possível prevenir a infecção da mãe e, em alguns casos, até no bebê. “É feito um tratamento com o homem infectado e diminui-se a carga viral antes de fecundarmos um óvulo com esse espermatozoide”, exemplifica o médico. No caso do zika, é indicado que o casal espere até que o organismo elimine o vírus.
Pesquisadores dos Estados Unidos estão perto de comprovar ser possível a infecção com o zika vírus por meio do sêmen. No entanto, aí também moram algumas das lacunas que a ciência terá que preencher no que diz respeito ao vírus.
“Temos dois ou três casos documentados (de transmissão via sêmen), mas não sabemos se são todos os casos que transmitem. Então precisamos de um estudo mais longo”, explica o geneticista.
Normatização. Ainda está em curso uma discussão sobre como normatizar a aplicação desse novo teste. Apesar de a resolução da Anvisa já ter sido publicada, as clínicas ainda têm um prazo para se adequar ao novo procedimento. Para Martinhago, não se justifica aplicar o exame em todas as pessoas.
“É muito prematuro dizer que isso deveria ser feito em todos os indivíduos, principalmente por questões de custos”, pondera ele. O exame, disponível por enquanto somente em clínicas especializadas em reprodução assistida, custa uma média de R$ 900, e não é coberto pelos planos de saúde.
Qualquer pessoa interessada pode realizar o teste. Porém, na opinião de Marginhago, os casos mais indicados, no momento, são aqueles de homens que manifestaram os sintomas de zika.
A jornalista viajou a convite da Clínica Ciro Martinhago Medicina Genômica.