Veículo: Portal do Jornal Folha de Londrina
Data: 25 de abril de 2016 Estado: PR
Assunto: Teste para detecção do Vírus Zika
Link: http://www.folhadelondrina.com.br/?id_folha=2-1–1978-20160425&tit=teste+brasileiro+detecta+zika+no+semen
Teste brasileiro detecta zika no sêmen
Estudos indicam que o vírus permanece no fluido masculino por 60 dias após o contágio
Desde que o surto de microcefalia no Brasil foi vinculado ao zika, as pesquisas se intensificaram não só aqui como em outros países. E, se a princípio, o vilão parecia ser apenas o mosquito Aedes aegypti, outras formas de transmissão passaram a ser questionadas, como o caso da transmissão sexual.Segundo boletim da Organização Mundial da Saúde (OMS), divulgado esta semana, oito países já notificaram a possível transmissão sexual do vírus. A evidência vem sendo observada porque Argentina, Chile, Estados Unidos, França, Itália, Nova Zelândia, Peru e Portugal registraram casos autóctones de zika sem ter, em seu território, a presença do mosquito.
Com a possibilidade da transmissão sexual, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) anunciou no final do mês passado que, a partir daquele momento, “quem se submeter a procedimentos de fertilização in vitro ou se disponibilizar a doar material biológico em bancos de células e tecidos terá de se submeter ao teste de detecção do vírus zika”. A nova exigência foi estabelecida pela Diretoria Colegiada da Anvisa em reunião no dia 22 de março.
“Considerando que o objetivo final da utilização de técnicas de reprodução humana é a gravidez, e que a infecção pelo vírus zika está relacionada aos casos de microcefalia em bebês de mães infectadas, tornou-se urgente a elaboração de critérios para doação de gametas e para realização dos procedimentos para uso em fertilização própria”, diz o diretor de Regulação Sanitária da Anvisa, Fernando Mendes, relator da proposta que determina os novos procedimentos.
Antecipando a possível determinação, o geneticista Ciro Martinhago, da clínica e laboratório Clínica Ciro Martinhago Medicina Genômica, já vinha elaborando o teste dois meses antes. Não por acaso, foi o primeiro laboratório a oferecer o exame no País com tecnologia nacional. “Só um em cada quatro homens manifesta os sintomas da doença, 80% das pessoas não sabem que foram infectadas”, explica Martinhago.
“No sangue, a presença do Zika só é detectada até cinco dias depois da contaminação. Já no sêmen, o zika vírus permanece por até 60 dias e pode ser detectado em todo esse período”, avisa o geneticista sobre a diferença entre os dois testes. O teste genético oferecido pelo Clínica Ciro Martinhago para detecção do vírus zika nos espermatozoides tem 99,9% de precisão e o resultado é obtido em 72 horas.
WORKSHOP
No início de abril, Martinhago reuniu em São Paulo profissionais das áreas de reprodução humana assistida, embriologia e genética para mais uma edição do Workshop Internacional de Genética Reprodutiva. Entre os assuntos discutidos, a microcefacila entrou em pauta na aula do professor doutor Adolfo Liao, do Departamento de Obstetrícia e Ginecologia da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, com área de atuação em gestação gemelar.
Liao citou o estudo de um grupo carioca publicado recentemente na revista científica New England Journal of Medicine. De setembro de 2015 a fevereiro deste ano, 88 grávidas com sintomas de zika foram estudadas, sendo que 72 delas tiveram exames positivos para o vírus. O que se constatou na pesquisa da Fundação Oswaldo Cruz em parceria com a Universidade da Califórnia é que a infecção por zika pode prejudicar o feto em qualquer fase da gravidez, não apenas se a mãe adoecer nas primeiras semanas de gestação, como se imaginava inicialmente.
A jornalista viajou a São Paulo a convite da organização do evento