Os sarcomas podem desenvolver-se em uma variedade de tecidos incluindo músculos, ossos, tendões e vasos sanguíneos. Apesar de ocorrerem em todos os grupos etários, eles representam 15% de todos os cânceres infantis e mais de 10% dos cânceres em pessoas com idade entre 15 e 24.
Estudos anteriores já haviam revelado uma ligação entre um certo grupo de genes e o aumento do risco de sarcomas, mas a nova pesquisa sinalizou muitos mais, incluindo links para mutações em genes tais como BRCA2, que é conhecido por estar envolvido no desenvolvimento do câncer de mama.
“Até o momento nós quase não tínhamos ideia sobre a causa dos sarcomas, a não ser uma ou duas conhecidas síndromes hereditárias”, disse Ian Judson, co-autor da pesquisa do Institute of Cancer Research e The Royal Marsden. “A natureza hereditária de uma proporção substancial de sarcomas nunca havia sido reportada”.
Judson acredita que a nova pesquisa pode levar a tratamentos mais adequados para os indivíduos. “Se entendermos o mecanismo pelo qual o câncer surge, estaremos melhor posicionados para encontrar o tratamento certo”, disse ele. Os resultados, acrescenta, também poderia abrir novas possibilidades para testar e monitorar pessoas em risco de sarcomas em desenvolvimento. “Quanto mais cedo você encontrá-lo, melhor a perspectiva”, disse ele.
A pesquisa também revelou que carregar mais de uma das mutações potencialmente prejudiciais resulta em uma maior probabilidade de desenvolver sarcoma em uma idade mais jovem, e que o risco aumenta com o número de mutações. Isso mostra que as variações genéticas isoladamente apresentam um pequeno risco de desenvolver sarcomas, mas em conjunto elas aumentam consideravelmente o risco de desenvolver esse tipo de câncer..
Publicada na revista The Lancet Oncology por uma equipe internacional de cientistas, a pesquisa envolveu 1.162 pacientes com 15 ou mais anos de idade, que foram diagnosticados com sarcoma, e 6.545 indivíduos saudáveis. Para explorar os possíveis fatores genéticos por detrás da doença, os pesquisadores analisaram o DNA de cada paciente com sarcoma, examinando 72 genes conhecidos por estar relacionados ao aumento de risco de pelo menos um tipo de câncer.
Os resultados revelaram que 55% dos pacientes tinham uma mutação potencialmente prejudicial em pelo menos um desses genes.
Judson acredita que as descobertas poderiam mudar a forma como vemos o lado hereditário do câncer: o conceito do chamado “câncer familiar”. “Eu acho que pode mudar a maneira como pensamos o câncer e hereditariedade se encontrarmos esta ligação susceptível com múltiplos genes em outros tipos de câncer também”, disse ele.
O Dr Áine McCarthy, do Cancer Research UK’s, disse que a pesquisa é vital para melhorar o tratamento dos sarcomas. “Estudando o DNA de mais de 1.000 pacientes com sarcoma, este estudo nos traz novas informações sobre as mutações genéticas que levam ao desenvolvimento da doença. E também nos dá novos caminhos para tratar sarcomas, identificando erros genéticos na doença que possam ser combatidos com drogas”.
Fonte: The Guardian
“Are Sarcomas Hereditary?” – The Lancet Oncology