Terapia genética promete tratamento para a doença de Niemann-Pick tipo C1

niemann-pick_disease

A terapia genética envolve inserir uma cópia funcional do gene NPC1 em ratos com a doença. Os animais tratados mostraram sintomas menos severos de NPC1 após o tratamento. Imagem: Darryl Leja, NGHRI.

 
Pela primeira vez, pesquisadores do National Institutes of Health (EUA) demonstraram em ratos que a terapia genética pode ser o melhor método para corrigir um único gene defeituoso que causa a doença de Niemann-Pick, tipo C1 (NPC1). A terapia genética envolve inserir uma cópia funcional do gene NPC1 em ratos com a doença. Os animais tratados mostraram sintomas menos severos de NPC1 após o tratamento.
O estudo, liderado por pesquisadores do NIH’s National Human Genome Research Institute (NHGRI) e do Eunice Kennedy Shriver National Institute of Child Health and Human Development, foi publicado em 26 de outubro de 2016, na revista Human Molecular Genetics.
A doença de Niemann-Pick é uma rara e fatal desordem do sistema nervosa central (cérebro e medula espinhal) que não tem cura. A doença ocorre quando um gene housekeeping (gene que “mantém a casa”) defeituoso falha na remoção dos resíduos celulares, como lipídeos e colesterol. O acúmulo de resíduos no baço, fígado e cérebro causa uma progressiva deterioração nas funções intelectuais e motoras. E também abrevia a vida dos pacientes, pois as pessoas afetadas pela doença de Niemann-Pick geralmente morrem na adolescência. Existem diversos tipos da doença de Niemann-Pick: este estudo foi realizado em ratos que foram criados com o gene NPC1 defeituoso para modelar a doença de Niemann-Pick, tipo C1.
O objetivo dos pesquisadores era corrigir o gene defeituoso NPC1 em tantas células e órgãos quanto possíveis, com um forte foco no cérebro. Para fazer isso, eles usaram um vírus não causador de doenças chamado vírus adeno-associado serotipo 9 (AAV9) para transferir o gene NPC1 funcional para as células. O AAV9 contendo um gene NPC1 em funcionamento atravessou com sucesso a barreira hemato-encefálica, atingindo as células no cérebro e em outros locais. Uma vez dentro das células, o gene NPC1 normal era então capaz de produzir a proteína funcional NPC1 para corrigir os defeitos das células.
Com uma simples injeção, os ratos mostratam melhoras na coordenação motora, aumento de peso e longevidade comparada aos ratos que não passaram pela terapia genética. O efeito da terapia igualou-se ao da droga chamada VTS-270, que foi avaliada em estudos clínicos e pré clínicos em diversos laboratórios acadêmicos. No entanto, para ser efetivo, o composto VTS-270 deve ser administrado por toda a vida do rato. A equipe de pesquisadores está agora investigando se uma combinação das duas terapias poderá melhorar ainda mais os resultados.
“Estamos bastante encorajados por este estudo preliminar”, disse o Dr. William J. Pavan, PhD, investigador sênior no NHGRI Genetic Disease Research Branch. “A terapia genética está tratanto a raiz do problema, o gene defeituoso”.
“Nosso trabalho com poderá ajudar a fazer um estudo clínico com humanos e eventualmente levar à aprovação do FDA de uma terapia genética para tratamento para a doença NPC1”, disse o Dr. Charles P. Venditti, PhD, investigador sênior no NHGRI Medical Genomics and Metabolic Genetics Branch”. Para os pacientes de NPC1, a terapia genética poderia interromper a progressão da doença, melhorando a qualidade de suas vidas e, esperamos, aumentar a expectativa de vida.
Segundo os pesquisadores, este trabalho com terapia genética para NPC1 tem ainda o potencial de tratar desordens genéticas com características similares, o que inclui Mucolipidosis IV, doença de Batten e doença de Danon.
O acesso ao artigo completo pode ser encontrado aqui: Systemic AAV9 gene therapy improves the lifespan of mice with Niemann-Pick disease, type C1
 
Fonte: NIH – National Human Genome Research Institute