Scientists say that the findings are a significant addition to our understanding of inherited breast cancer. Photograph: Alamy

Cientistas dizem que os achados são uma significante ajuda para compreendermos o câncer de mama hereditário. Foto: Alamy

Pesquisadores esperam que estas descobertas expliquem porque algumas mulheres são predispostas ao câncer de mama, bem como certas formas da doença são mais difíceis de tratar

As variantes genéticas herdadas que aumentam o risco de câncer de mama em cerca de um quinto foram identificadas por cientistas.
Uma enorme equipe de pesquisadores, formando uma parceria mundial de cientistas, descobriu 65 novas variantes. Por si só, estas variantes contribuem com cerca de 4% de aumento de risco de desenvolver a doença em mulheres com uma forte história familiar de câncer de mama.
Acrescentando estas variantes à lista das 180 já conhecidas, dá uma estimativa de 18% do risco familiar relativo.
Além disso, outras 10 variantes genéticas especificamente relacionadas a tumores de mama mais ‘teimosos’, que não respondem ao tratamento hormonal, foram encontradas. Essas variantes podem ser responsáveis por cerca de 16% de aumento de risco para esse sub-tipo de câncer em mulheres de famílias afetadas pela doença.
O projeto ‘The OncoArray Consortium’ envolveu 550 pesquisadores de cerca de 300 diferentes instituições de pesquisa em seis continentes. Os cientistas analisaram dados genéticos de 275 mil mulheres, incluindo 146 mil que tiveram diagnóstico de câncer de mama.
O Professor Doug Easton, da Universidade de Cambridge, um dos pesquisadores que lideraram o estudo, disse: “Estes achados acrescentam um entendimento significante sobre as bases hereditárias do câncer de mama”.
“Além de identificar novas variantes genéticas, nós também confirmamos muitas das suspeitas que tínhamos previamente”.
“Existem alguns padrões claros nas variantes genéticas que poderiam nos ajudar a compreender por que algumas mulheres são predispostas ao câncer de mama, e quais genes e mecanismos estão envolvidos”.
Estudos genéticos deste tipo procuram por ‘loci’ – regiões de DNA que aumentam o risco da doença. Os loci podem conter ‘genes desonestos’, ou sequências de DNA que não contém instruções para produzir proteínas, mas para regular a atividade do gene.
Determinar genes específicos é difícil, mas os cientistas do OncoArray conseguiram fazer previsões sobre muitos genes-alvo, o que é um primeiro passo para a concepção de novos tratamentos.
No entanto, a maioria das novas variantes encontradas estavam em regiões de regulação de genes. Quando os pesquisadores olharam mais a fundo esses genes, eles encontraram padrões distintos específicos para o câncer de mama.
O Professor Peter Kraft, da Universidade de Harvard, co-autor americano do estudo, disse que os achador revelaram um rica informação sobre os mecanismos genéticos da doença.
“Este estudo poderá prover orientações para o futuro da pesquisa”, ele disse.
Aproximadamente 70% de todos os canceres de mama são impulsionados pelo hormônio estrogênio e respondem a terapias hormonais como o tamoxifeno.
Outros canceres de mama, conhecidos como receptores negativos de estrógeno, não são afetados pelo hormônio e são mais difíceis de serem tratados. Dez novas variantes genéticas ligadas a esses canceres foram identificadas.
Os novos estudos, publicados nas revistas NatureNature Genetics, ressaltaram o fato de que os dois tipos de câncer são biologicamente distintos e se desenvolvem de forma diferente.
As versões mutantes dos dois genes BRCA1 e BRCA2 têm, de longe, o maior impacto no risco de câncer de mama. Herdar qualquer um desses genes aumenta o risco ao longo da vida de desenvolver a doença em até 90% para BRCA1 e 85% para BRCA2. Também aumenta o risco de câncer de ovário em menor grau.
Outras variantes genéticas ligadas ao câncer de mama são muito menos potentes por si só, mas seus efeitos somam. As mutações identificadas nos novos estudos são relativamente comuns – algumas delas afetam uma mulher em 100 e outras por mais da metade de todas as mulheres. O efeito combinado dessas variantes provavelmente será considerável, disseram os pesquisadores.
Eles estimam que 1% das mulheres correm o risco de câncer de mama mais de três vezes maior do que a das mulheres na população em geral. A combinação dos fatores genéticos com as influências hormonais e de estilo de vida provavelmente aumentaria ainda mais o risco, disseram eles.
O Professor Jacques Simard, da Laval University em Quebec, Canada, outro membro da equipe internacional de pesquisadores, disse: “Utilizando dados de estudos genômicos, combinados com informações de outros fatores de risco conhecidos, vai permitir melhor acesso ao risco de câncer de mama, e assim ajudar a identificar uma pequena, mas significante, proporção de mulheres que tem alto risco de desenvolver a doença”.
“Essas mulheres podem se beneficiar de testes mais intensivos, começando em uma idade mais jovem, ou usando técnicas de triagem mais sensíveis, permitindo a detecção precoce e a prevenção da doença”.
Fonte: “The Guardian”
Leia mais: Nature Genetics – “Identification of ten variants associated with risk of estrogen-receptor-negative breast cancer”