Pesquisa liderada pela universidade de Yale identificou uma mutação genética responsável pelo grupo de fatores de risco cardiovascular que compõem a “síndrome metabólica” relacionada à obesidade. O estudo foi publicado na edição de 15 de maio do New England Journal of Medicine.metabolic-syndrome-inflammatory-biomarkers
Até agora, as análises genéticas tinham sido bem sucedidas na identificação de mutações que predispõem as pessoas a fatores de risco individuais. O sucesso vinha sendo mais limitado, no entanto, no mapeamento de mutações responsáveis pela constelação de desordens que incluem obesidade, pressão alta, e elevados níveis de açúcar no sangue – que, quando combinadas, aumentam o risco de doença cardiovascular, insuficiência cardíaca e diabetes. Juntas, essas condições são conhecidas como ‘síndrome metabólica’.
Os pesquisadores estudaram três grandes famílias com obesidade familiar ou hereditária, doença arterial coronariana precoce, hipertensão e diabetes. Utilizando o sequenciamento de todo o exoma, eles identificaram a chamada ‘mutação fundadora’ – uma anomalia genética que se inicia em um ancestral e se repete ao longo de sucessivas gerações de uma família.
A mutação ocorreu no gene Dyrk1B, uma enzima que regula o equilíbrio de músculo a gordura bem como estabiliza os níveis de glicose controlando as vias de sinalização. Os pesquisadores descobriram que, quando modificado, o Dyrk1B inibiu os caminhos que mantém os níveis de glicose estáveis e “ligou” as vias que promovem a produção de gordura no corpo.
A mutação estava presente em todos os membros da família afetados pela síndrome metabólica e ausente naqueles que não foram afetados.
Os pesquisadores acreditam que este gene modificado é a provável razão pela qual os pacientes tiveram redução na massa muscular e aumento na massa de gordura, mesmo em jovens. “Todo o percurso deste gene parece estar ligado ao metabolismo da glicose e da gordura por meio da diferenciação de células-tronco nos músculos, ossos, cartilagens e tecido gorduroso”, disse o Dr. Arya Mani, professor associado de cardiologia e genética e membro do Centro de Pesquisa Cardiovascular de Yale. “Nossos achados sugerem que a mutação nos genes que regulam o destino destas células pode resultar em mais gordura ao invés de músculos”.
Mani acrescenta que estudos com animais sugerem que a ativação de genes como o Dyrk1B pode realmente aumentar o apetite e causar ganho de peso. Por isso, observa, como este gene é uma proteína-quinase, que modifica outras proteínas, pode ser um excelente alvo potencial para o desenvolvimento de terapias para restabelecer o equilíbrio e reduzir ou eliminar o impacto da mutação genética .
“A vantagem do Dyrk1B como um gene da obesidade é que a sua inibição pode não só reduzir o peso corporal, mas favoravelmente afetar outros fatores de risco”, acrescenta o primeiro autor do estudo, Dr. Ali Keramati, residente em medicina interna na Universidade de Yale School of Medicine.
Fonte: http://medicalxpress.com/news/2014-05-gene-obesity-related-metabolic-syndrome.html